Misericórdia

Santa Casa da Misericórdia

Contatos

Morada:
Estrada dos Brejos
Bairro da Senhora da Luz
2510 Óbidos

Tel.: 262 955 340
E-mail: misericordiaobidos@mail.ptprime.pt

Site: www.misericordiaobidos.pt

Provedor:
Prof. Carlos Orlando Rodrigues




História:

Antes do século XV, a assistência encontrava-se dispersa por vários serviços, mas os respetivos estabelecimentos reduziam-se a duas modalidades: albergaria e hospital. Em significado medieval, a albergaria era a pousada para peregrinos, pobres, doentes ou aleijados, onde eram acomodados de alimentação e de alojamento. O hospital era uma casa de internamento e cura de doentes. Também se chamavam hospitais, os asilos de enjeitados.

A Santa Casa da Misericórdia de Óbidos foi fundada logo a seguir à sua congénere de Lisboa, pela Rainha D. Leonor de Lencastre (1458 -1525 ), mulher de D. João II, que à semelhança de Santa Isabel, encontrou no seu sofrimento, o segredo de se apiedar pela cura dos enfermos, pela educação e casamento dos órfãos, pela criação dos enjeitados e pela alimentação dos pobres. A data do seu compromisso é de 1498, aprovado em 15 de Novembro de 1516 por El-Rei D. Manuel, e impresso em Dezembro daquele ano, embora o Patriarcado de Lisboa defenda 1511, a data da fundação da Igreja na Capela do Espírito Santo e da respetiva Instituição.

Embora fundada pela Rainha D. Leonor, porém o rei D. Manuel foi quem lhe uniu os bens da antiga gafaria, que havia junto à capela de S. Vicente, hoje Museu Paroquial de S. João. Além destes bens lhe juntou todos os que pertenciam à antiga Confraria do Divino Espírito Santo, alicerçando os primeiros fundos da Irmandade da Misericórdia.
O Compromisso da Misericórdia de Lisboa, o mais importante documento de doutrina assistencial, tornou-se o estatuto de todas as Misericórdias; por ele se obrigavam os irmãos a cumprir ordenadamente as 14 obras de misericórdia, espirituais e corporais.

A Misericórdia de Óbidos é a primeira instituição de caridade e benemerência do nosso concelho. Tem a sua sede no Largo Dr. João Lourenço. Foi-lhe concedida a qualificação de Utilidade Pública e Administrativa, em 1950, e reconhecida, em 1983 como uma Instituição Particular de Solidariedade Social, mediante participação escrita da sua erecção canónica feita pelo Ordinário Diocesano aos serviços competentes do Estado.

Até 1974, manteve em funcionamento o único Hospital do Concelho, reaberto em 17 de Fevereiro de 1946, mas fundado pela Rainha D. Leonor. Foi o primeiro a trabalhar em cooperação com o Centro Regional de Segurança Social.

No momento da sua reabertura, o corpo clínico era constituído pelos ilustres médicos Drs. João Lourenço, seu Diretor e Amílcar Leite Campos, assistente, sendo operador o conhecido cirurgião Dr. Ernesto Moreira.

Todos estes médicos prestavam os seus serviços no Hospital por puro espírito filantrópico, pois que da Santa Casa não exigiam qualquer retribuição.

Com o declínio da lepra, quase extinta no século XVI, a gafaria deixou de ser precisa e o Hospital iniciou o seu funcionamento logo após a fundação da Santa Casa, sendo os seus primeiros rendimentos privativos constituídos pela fazenda e rendimentos da Gafaria dos Leprosos. instituída pela Rainha Santa Isabel e situada à Porta da Vila, a sul, pelo auxílio de generosos donativos da Fundadora e dos habitantes do concelho então vastíssimo. Mas só em 20 de Março de 1530, o rei D. João III, a pedido da esposa, D. Catarina, mandou "qu e se juntassem à Misericórdia os bens do Hospital dos gafos e que tudo fosse administrado pelo provedor e irmãos", segundo um documento existente nao arquivo da Santa Casa e em que nos diz também, que a Misericórdia só tinha o rendimento de 3$500 reais.

A partir de 1977, transformou-se em Lar para a Terceira Idade, o primeiro que viria a existir e a trabalhar em cooperação, também com aquele Centro, mantendo-se esta valência no mesmo local até Agosto de 2002.
Ao velho edifício da Vila, a precisar urgentemente de obras de restauro, ainda não lhe foi dado outro destino, sendo atualmente utilizado como atelier da Empresa de Inserção Social - Misericórdia de Artes e Ofícios Tradicionais.

A Santa Casa da Misericórdia, em 1992, comprou um terreno no Bairro da Senhora da Luz e após o lançamento da primeira pedra em Julho de 2000 e já estar a funcionar desde Agosto do ano passado, inaugurou as suas novas instalações para o lar de idosos, no dia 11 de Janeiro de 2003, dia em que se comemora o feriado municipal, com a presença da secretária de Estado da Segurança Social, Maria Margarida Corrêa de Aguiar, do secretário de Estado Adjunto do Ministro da Presidência, Feliciano Barreiras Duarte, do Governador Civil de Leiria, José Leitão, para além do presidente da Câmara Municipal de Óbidos, Telmo Faria, vereadores, presidentes de Juntas, representantes da Segurança Social de Leiria, da União das Misericórdias de diversas instituições concelhias e populares. O bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente, que procedeu à bênção do edifício, em conjunto com o pároco obidense José Luís e ainda se encontravam presentes os padres Venâncio e Fialho.

É uma obra do arquiteto Mendes Duarte e a obra esteva a cargo da empresa André & Brás, Lda.

A Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos é uma das instituições de maior peso no concelho, com uma obra social imensa ao longo dos seus quase 500 anos de história. No presente, em termos de valências para apoio a idosos, a instituição conta com o Lar no Bairro da Senhora da Luz, onde se registam 52 utentes, a que se juntam mais quase quatro dezenas em Apoio Domiciliário, junto dos quais a Santa Casa presta quatro tipos de serviços distintos: alimentação, higiene e conforto, limpeza do domicílio e tratamento de roupa, a que se somam mais de meia centena de postos de trabalho que assegura, entre os quais, uma Diretora de Serviços, uma Diretora Técnica e um Encarregado Geral. Estes tentam ultrapassar todas as dificuldades com a sua imaginação e o seu trabalho, formando uma equipa técnica da Santa Casa, conseguindo superar os sempre insuficientes recursos, mantendo os idosos entretidos, permanentemente, em atividades agradáveis que vão dos passeios e intercâmbios com outras instituições, essencialmente Santas Casas.

Além do trabalho desenvolvido junto da terceira idade, a Santa Casa é ainda uma entidade que presta ajuda alimentar a carenciados e desenvolve trabalho na área de formação profissional, tendo originado a formação duma empresa de inserção social, no âmbito do Mercado Social de Emprego.

Misericórdia de Artes e Ofícios Tradicionais

Atelier de "corda seca sobre tijoleira"

Fiel à sua vocação histórica de solidariedade para com os mais desfavorecidos, a Misericórdia de Óbidos, tem vindo a assumir-se como um agente ativo na promoção de algumas ações propostas pelo "Mercado Social de Emprego", e como parceiro estrutural das forças vivas da localidade e da região, traçando estratégias de desenvolvimento integrado, em que o fator humano adquire a total preponderância, com especial incidência no combate ao desemprego de longa duração, à aquisição do primeiro emprego e aos excluídos socialmente.

Tudo começou em 1998. A Santa Casa promoveu um curso de pintura em azulejo, tutelado pelo Centro de Emprego e Formação Profissional de Caldas da Rainha, no âmbito do programa "Escolas-Oficinas", revitalizando alguma dinâmica na área de artes e ofícios tradicionais. Este curso visou proporcionar a aquisição das competências necessárias para o exercício da atividade de "pintura em azulejo", e essencialmente, "a técnica de corda seca sobre tijoleira", cuja a formação se desenvolveu ao longo de 12 meses. Esta contou com diversas parcerias locais, nomeadamente com o CENCAL (Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica), com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, através do Centro de Emprego de Caldas da Rainha, com a Câmara Municipal de Óbidos, com a Associação de Defesa do Património do Concelho de Óbidos, etc.
A pintura de azulejo, na região, tem tido forte expressão desde há vários séculos, e numa altura em que estamos perante um mercado moderno, onde tudo tende a ser igual e mecanizado, a aposta no artesanato vem contrariar esta tendência pela forma "individual" que assume.

Como reflexão da avaliação do curso de formação na área de pintura em azulejo, a Santa Casa da Misericórdia e o programa "Descobrir Óbidos" (parceria cultural entre a Associação de Defesa do Património de Óbidos e a Câmara Municipal de Óbidos) apresentaram no dia 17 de Agosto de 1999, uma exposição venda, estando patentes alguns trabalhos dos dez formandos que participaram naquela ação.

Este programa, inovador no seio da entidade que a promove, procura fazer coincidir os interesses da Santa Casa, no desempenho das suas obras "de misericórdia"; do Centro de Emprego, no sentido da formação profissional; e dos interesses culturais de reabilitação de atividades tradicionais, como suporte ao desenvolvimento local.

A Misericórdia da Vila de Óbidos, consciente que a formação profissional constitui uma importante ferramenta e desenvolve um papel essencial na renovação e valorização dos ofícios tradicionais, para a rentabilização das suas atividades e servir a causa social, a Santa Casa promoveu mais um curso Escolas-Oficinas da área de "Rendas e Bordados", continuando a divulgar artesanato, a par da criação de mecanismos facilitadores da integração, no mercado de trabalho.
Ao mesmo tempo, a Mesa Administrativa está consciente que a formação profissional é cada vez mais necessária para se sair da situação frágil em que nos encontramos, face aos desejos da globalização, não se tratando de fazer concorrência com o mercado normal de emprego, mas de apostar no "fazer bem" e, contribuir assim, para a realização das medidas, das pessoas e da comunidade obidense, e a boa parceria entre a nossa Misericórdia e o Centro de Emprego de Caldas da Rainha, decidiu a Santa Casa candidatar-se a uma Empresa de Inserção, sem fins lucrativos, como medida de política ativa de emprego, integrada no Mercado Social de Emprego e de forma a colocar no mercado algumas formandas, apostando na qualidade dos seus serviços, que se encontram com dificuldades de acesso a um direito fundamental: direito ao trabalho e, simultaneamente, continuar a desenvolver uma atividade de relevância social e testemunha da cultura e da tradição do concelho de Óbidos.

Só assim, a Santa Casa pensa complementar este projeto de formação, permitindo a continuidade dos objetivos iniciados com o programa "Escolas-Oficinas", porque o sucesso deste programa de formação/emprego, não depende apenas dos bons resultados dos formandos e do trabalho de parceria existente, mas essencialmente e em primeiro lugar, do nível de integrações no mercado de emprego alcançado pelos formandos que concluam as ações, constituindo um recurso extremamente importante no cruzamento da economia, do emprego, da cultura e da defesa do artesanato, que é uma forma de afirmação dos povos. Numa óptica de desenvolvimento integrado, revalorizando o que é histórico, reencontrando ao mesmo tempo mais uma potencialidade, mais uma tentativa de encontrar a identidade da Vila de Óbidos, mais um esforço, embora com os seus cerca de quinhentos anos de existência, para se enraizar no território local a que se sente pertencer mais de perto, estando certa que se a empresa for corretamente organizada (em termos de gestão, ligação ao mercado, qualidade, qualificação dos recursos humanos, etc), a Santa Casa promoverá a criação de emprego nesta zona a necessitar de ser revitalizada e recuperando mais uma forma cultural em vias de extinção, que se pretende futuramente uma atividade que adote estratégias de inovação, integrando tradição e modernidade, através de combinações virtuosas e competitivas de elementos tradicionais com outros mais modernos "design". É do casamento da tradição com a inovação que surge o verdadeiro artesanato.

Possui a Santa Casa uma empresa de inserção social, denominada "Misericórdia de Artes e Ofícios Tradicionais", a funcionar desde o dia 1 de Janeiro de 2003, nas velhas instalações da Misericórdia, dentro da Vila, após trinta meses instalada no edifício da C P, um belo local de inspiração, onde esteve 30 meses, disponibilizado pela Câmara Municipal de Óbidos.

No atelier, trabalham ao vivo, diariamente, nove funcionárias, mostrando com mais facilidade, aos visitantes de Óbidos, um novo artesanato, que se pretende criar.
A Empresa de Inserção, que teve início em 1 de Junho do ano 2000, vende os seus produtos numa loja na rua mais importante da Vila, a Rua Direita, tem ido a algumas feiras e realizado algumas exposições-venda e comercializa no próprio atelier

Cientes no desafio a que nos propusemos, continuamos empenhados no processo de implementação local e regional da empresa de inserção - Misericórdia de Artes e Ofícios Tradicionais - embora preocupados em contribuir, de forma objetiva, e na medida do possível, para o reforço da autoestima dos trabalhadores, responsabilizando-os, de modo a que se sintam mais valorizados e cresçam como pessoas.

É responsável diretamente pelo desenvolvimento e funcionamento das atividades da empresa, e a gestão e direção da mesma, criando laços, cada vez mais estáveis, para quem está numa situação instável, uma equipa de enquadramento, acrescida de um esforço e acompanhamento permanente, constituída essencialmente por alguns técnicos desta primeira instituição de caridade e benemerência do nosso concelho, e coordenada pela sua própria Mesa Administrativa.

No dia 5 de Dezembro de 2003, decorreu em Leiria a Cerimónia de Encerramento das Atividades do Distrito, no âmbito do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência.

Durante este evento foram entregues medalhas aos empresários e Instituições do distrito de Leiria, entre as quais, a Santa Casa da Misericórdia da Vila de Óbidos, que no período de 1 de Julho de 2002 a 30 de Junho de 2003 criaram condições de Empregabilidade ou Formação Profissional a Pessoas com deficiência.

Partilhar: